quarta-feira, 28 de abril de 2010

As necessidades

Andei estudando um pouco sobre administração e aprendi que as empresas (organizações de pessoas com um mesmo objetivo) só existem para suprir determinadas necessidades dos clientes (roupas, alimentos, seguros...). A empresa, por sua vez, existe para suprir uma necessidade própia que seria a de subexistência, sobrevivencia no mercado.

Pensando assim percebi que só se vende algo se houver necessidade daquele produto ou serviço por terceiros. Logicamente, o valor agregado do que se pretende vender será de acordo com a dificuldade de realiza-lo e de acordo com a necessidade do cliente (lei da oferta e procura).

Para ilustrar, imagine que você resolveu montar uma barraquinha que vende água no meio da avenida brasil. Ok, talvez com muito custo você consiga sobreviver mas fato é que não consiguirá vender sua água por mais do que 2 reais. Ninguém no meio da cidade vai pagar mais do que isso por um pouco de água! Mas e se você for para o deserto do Saara? Lá o valor de seu produto será maior já que é algo raro e poderá prosperar facilmente.

Beleza, mas pq diabos eu to falando essa babozeira?

É porque, de repente, encherguei o motivo dos conhecimentos mais abstratos, como a filosofia, serem tão malvistos pela sociedade. (não digo que é verdade, mas é meu ponto de vista) Vejo a filosofia como um conhecimento individual e espiritual que só pode ser adquirido através do esforço própio e interesse. É um conhecimento que não visa, na maior parte das vezes, suprir a necessidade do próximo, mas sim uma necessidade do conhecimento de si mesmo.

Como não há modo de vender o conhecimento filosofico em barraquinhas, não há demanda (ela existe diferenciadamente em cada um, mas não entre dois seres. Eles podem aprender simultaneamente mas será um aprendizado individual, usando o outro como fonte de comparação.) portanto não há valor (material) para defini-lo.

Passei a imaginar o mundo como um grande Saara com pessoas sedentas de sabedoria, sede que não mata, passando diante várias barraquinhas filosóficas e vivendo alienadamente por entre os formigueiros.

7 comentários:

  1. É verdade, Solon. Um conhecimento filosófico não pode ter como objetivo agradar aos outros ou se adequar ao resto, deve partir do interior do homem que sente que há algo mais. Gostei da analogia, acredito que mais cedo ou mais tarde aqueles que têm um conhecimento mais abrangente, que se interessam e buscam boas amizades, verão mais claramente a importância da nossa existência. O mundo está aí, as formigas a seguir ordens e nós a pensar.

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  2. Ah, e outra coisa. O conhecimento não pode ser "ensinado" de forma didática, mas pode ser alcançado nas nossas reuniões com churrasco, violão e cerveja.

    Valeu! ;)

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  3. Ah, e outra coisa. O conhecimento não pode ser "ensinado" de forma didática, mas pode ser alcançado nas nossas reuniões com churrasco, violão e cerveja.

    Valeu! ;)

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  4. Filosofar,filosofia,filosofando,filósofos...
    todas essas palavras me irritam.
    Irritam-me pq na grande maioria das vezes são mal empregadas
    ( não estou dizendo que agora é o caso ^^ )
    dando a conotação de pseudo-intelectualismo nojento. ou que a pessoa que as profere é de algum modo 'especial' , 'diferente' , 'sabidas' ...
    [Há aqueles que só pq tiveram a paciência de ler 'O mundo de Sofia' se acham iluminados. Bom, talvez eles de fato o sejam.]
    Creio eu, na minha Santa Ignorância, que o 'pensar' (ai como perdem a credibilidade verbos substantivados) não é tão necessário qnt a experiência, a ação.
    Penso que um plano mirabolante, ou uma idéia genial não é nada se não executada.
    É claro que uma experiência (que remete à ação, sendo vc sujeito ou objeto) refletida ,tanto previamnt qnt posteriormnt,é bem mais proveitosa.
    Mas somente a experiência já é algo bastante válido, mais que um pensamento.
    E as pessoas acabam por se auto conhecerem sem ter a consciência disso, somente com a prática diária. Por exemplo, há pessoas que vc pergunta: 'Quais suas cores favoritas?' E ela hesita. Mas praticamente, se vc perguntar: 'Que cor vc quer esse vestido: Rosa ou Preto?' Elas respondem sem sombras de dúvida: 'Preto'.
    A minha questão é: Até que ponto o auto-conhecimento Consciente é necessário, se o Inconciente, derivado de experiências,produz quase todos os efeitos práticos do auto-conhecimento pensado, sem a desvantagem de tornar as pessoas arrogantes e vaidosas(na maioria dos casos)?

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  5. Será que a mera existencia diária e o auto conhecimento inconsciente adquirido dela são suficientes para satisfazer essa pessoa? Se o inconsciente a tornasse satisfeita não haveria necessidade de uma busca consciente. A busca pelo conhecimento vem justamente do vazio que se pode sentir no cotidiano.

    Como disse, essa sede de sabedoria não mata. logo, de fato, não é necessária. As pessoas realmente vivem (em sua maioria)somente guiadas pelo inconsciente (que apesar de ser sensacional, deve ajudar à compreensão de si mesmo e não responder as perguntas para vc).
    Aquele que fica incomodado quando não sabe responder sua cor favorita... aquele que busca entender pq prefere o preto ao rosa... Esse é o que busca uma compreensão mais aprofundada de si e do mundo. Acredito ser uma busca individual e apesar disso realmente transforma algumas pessoas em arrogantes (pq será??)
    Espero não ficar assim =D

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  6. Paula, penso que a sensação de "iluminação" que vem após ler "O mundo de Sofia" ou após entender o filme "Matrix" é algo imaturo que faz parte do processo. Depois de um tempo, essa sensação é substituída por outra de "auto-aperfeiçoamento", a qual considero saudável tanto para a alma quanto para nos motivar a querer aprender sempre mais.

    O auto-conhecimento consciente é o único que responde e cria perguntas. Acredito que com o auto-conhecimento inconsciente vem depois, quando as bases desse conhecimento já estão sólidas.

    :)

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