quarta-feira, 16 de junho de 2010

Ode à preguiça

Impressionei-me hoje quando abri minha pasta de Favoritos, onde coloco todo e qualquer link interessante, e percebi que é uma grande coletânia de "poderias".
"Isso poderia me ser util um dia...", "ano que vem uso isso...", "amanha leio isso.".
Diagnostiquei um caso perdido de procrastinação.

Quem me dera parar por aí. Eu e minha mania de ficar pensando. Fui perceber que esse ato de começar coisas e não terminar ou ser incapaz de dar prioridade a algo, mesmo que momentânea, é algo corriqueiro em minha vida. Livros empilhados que deveriam ser lidos, revistas velhas jogadas sem um propósito, até mesmo minhas ideias são confusas e amontoadas. Me ocorreu agora que isso pode ser uma resposta para a falta de espaço daqui de casa, hmm... Epa! voltando ao foco...

Comecei a questionar a raíz disso tudo. Porque sou assim? Serei uma anomalidade no mundo ou estou inserido em um padrão? Afinal, tudo que faço hoje aprendi a fazer um dia, muito provavelmente com alguém. Então foi imitando pessoas de mesmo comportamento que aprendi a agir assim? Ou seria culpa do mundo agitado e cheio de informações que me tornei assim?

Não sei. Pra mim é mais um dos conhecimentos hereditários que formam a nossa cultura. Você sabe, aquelas coisas que nossos pais falaram e nos vamos passar aos nossos filhos: "Todo político é corrupto", "A unica coisa que o Brasil tem é futbol e mulher"... Cultura nossa, que por si só, é amontoada. Um pedacinho da Africa e Ásia, influência estados unidense e, voialá, tem-se a "identidade" nacional.

Por isso acredito que o problema da bagunça na minha casa é o mesmo problema da bagunça do país, só que em escalas diferentes. Em ambos os casos os responsáveis estão impregnados com a cultura do "jeitinho" e fazem as coisas pelas metades pra inglês vê.

Enquanto o país como um todo não tomar consciência dessa procrastinação nacional continuaremos parando o comércio para assistir à Copa,com a bunda no sofá olhando para o Domingão enquanto colocam o dinheiro do Pré-Sal na mão de poucos. Todos pensando "não posso fazer nada, amanha eu penso."

Pergunto-me se a elite financeira e política também sofrem com isso ou simplesmente sabem do que acontecem mas preferem permanecer com a alienação da população. Eu fiquei indignado quando me descobri nesse contexto. No meu tempo, enrolar suas obrigações era feio e pecado! Preguiçoso é a mãe!

Um comentário:

  1. Bingo!

    Você tocou no ponto, é preciso estar consciente disso. Meu pai, semana passada mesmo, estava contando sobre o "insight" que ele teve. Por acaso, numa visita a uma psicóloga, se deparou com a pergunta: "você tem dificuldade em se organizar? Começa as coisas... mas não termina?" Ele respondeu que sim. Quando chegou em casa nos contou do ocorrido. Disse que sempre chamou de "loucos" ou "problemáticos" aqueles que faziam terapia, e que naquele dia viu o quão interessante para nós isso poderia ser.

    Deu o exemplo de um amigo que trabalha com ele, num cargo acima, que trabalha menos e ganha mais: "Nas aulas de espanhol, ele sempre fazia as lições de casa, que eu mal sabia que existia." "É disciplinado, faz terapia toda semana, bla bla". Falou com um brilho nos olhos, como se houvesse descoberto o segredo do universo.

    Esse é sim um problema da maioria da população, Solon. Falta de disciplina para se conseguir o que quer. Na verdade, muitos não sabem nem o que querem. Para tudo tem um jeito. Na sua pasta de favoritos deve haver algo sobre PNL, mas se não houver dê uma pesquisada mesmo assim. Vamos usar nosso conhecimento ao nosso favor. Meu pai demorou mais de quarenta anos para descobrir, e não pretendemos repetir o erro, não é?

    Abraço e sucesso

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